Você está aqui

Edson Nery da Fonseca - O eterno Mestre

"Eu não tenho sequer pós-graduação, não tenho mestrado, doutorado, tenho apenas um bacharelado em uma ciência que ninguém leva a sério chamada Biblioteconomia."

Biblioteconomia Social

"A interação entre a técnica e o social me fez conceber o que intitulo de Biblioteconomia Social..."

Shiyali Ramamrita Ranganathan

"A informação necessita encontrar todos os leitores e todos os leitores devem encontrar as informações."

Jean Piaget

"O ser humano é ativo na construção de seu conhecimento e não uma massa 'disforme' a ser moldada pelo professor."

Michel Foucault

"A prisão do jeito que é hoje, é inócua porque “se eu traí meu País, sou preso; se matei meu pai, sou preso; todos os delitos imagináveis são punidos de maneira mais uniforme. Tenho a impressão de ver um médico que, para todas as doenças, tem o mesmo remédio. E um remédio que não cura!”.

24 de out. de 2016

Eu Te Conto, Você Me Conta

Passei uma semana na Unidade Pediátrica do Hospital de Clínicas de Ribeirão Preto. O convite veio da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP, ministrei oficinas de Contação de Histórias para as crianças do HC Criança.


Logo que cheguei por lá, precisei entender o contexto em que eu estava inserida, afinal, não se trata de um Hospital para cuidados básicos em saúde infantil e sim de tratamentos para os pequenos com doenças que vão desde os diagnósticos oncológicos até anomalias graves. Pacientes do Estado todo de São Paulo e até demais regiões do país.
No começo foi por demais complicado, eu que já fiz mediações de leitura nos locais mais inusitados, das prisões às favelas, sertão nordestino, etc... Mas lá, nada foi só mais uma atividade de contações de histórias.


Como pegar um livro e fazer os pequenos esquecerem a fragilidade do corpo e assim amenizar as dores que os assola? A leitura não é fábrica de milagres, mas querem saber? Mesmo que por instantes, ela é capaz sim de tornar em verdadeiro “Faz de Conta” a rotina das crianças.
Lógico que é foi preciso adaptar, reinventar, improvisar, tudo ali, na hora. Em verdade são eles que dão o Feedback quase que instantâneo e se tornam os maestros do que deve ser feito.


Nos últimos dias, eu estava no sétimo andar, fazendo contação para os que estavam internados. Próximo a porta estava uma garotinha, 4 aninhos, ela vibrava com as histórias. No dia seguinte eu voltei e já prestes a começar as atividades, uma enfermeira me interrompeu perguntando se eu poderia esperar um pouco, pois a MF (por ética e respeito não citarei o nome da menina) queria novamente ouvir a contação. Então ela chegou, amparada pela avó e as técnicas de enfermagem. Com dificuldades para falar, me chamou e quase sussurrando pediu:
- Tia, você conta a história da “Lua Luana”?
Não hesitei e para agraciar de alguma forma aquela menininha, eu na hora troquei “Lua Luana” por “MF”, no lugar de ler o nome da personagem do livro, eu falava o dela, a doce, meiga e frágil personagem da vida real. Ao final, eu dei a ela o livro de presente, que o colocou no colo e antes que eu pudesse encerrar minhas atividades, ela precisou ser retirada do local, já que estava muito debilitada.



A grande parceria deste trabalho foi a Massfar, empresa de Realidade Aumentada, única com autorização no Brasil para utilizar o aplicativo Zappar. O fascínio da garotada, ao final das histórias, quando interagiam com personagens que saiam das paredes por meio de Zapcodes.
Eu sempre buscava inserir nas histórias os animais por trás dos códigos do aplicativo. Aliás, enfatizo e ressalto o quanto a tecnologia pode e deve nos auxiliar dentro da aplicabilidade de Biblioteconomia Social. A realidade aumentava chegou como verdadeira ferramenta cultural e educativa, que neste caso, serviu de aporte nas contações de histórias.

Em virtude da debilidade física, nada tinha como ser dentro do tempo estipulado, não era o tempo das histórias, mas o tempo deles... A essência era pegar a leitura e torná-la uma terapia do “Era uma vez um lugar feito de riso, onde tudo era festa e a tristeza estava proibida de entrar...”
Quando você se entrega ao fazer o que ama, tudo flui de modo tão gratificante, que não há palavras para descrever a emoção ao abrir seu Facebook e ler este tipo de depoimento da mamãe do menino João Pedro.



Imagina uma mãe que pega seu nome no banner pendurado no hospital, busca você na rede social e lhe marca para oferecer carinho sob forma de palavras. Teve Bibliotecária chorando sim, mas lágrimas de contentamento, afinal, o coração também chora de alegria.