Você está aqui

Edson Nery da Fonseca - O eterno Mestre

"Eu não tenho sequer pós-graduação, não tenho mestrado, doutorado, tenho apenas um bacharelado em uma ciência que ninguém leva a sério chamada Biblioteconomia."

Biblioteconomia Social

"A interação entre a técnica e o social me fez conceber o que intitulo de Biblioteconomia Social..."

Shiyali Ramamrita Ranganathan

"A informação necessita encontrar todos os leitores e todos os leitores devem encontrar as informações."

Jean Piaget

"O ser humano é ativo na construção de seu conhecimento e não uma massa 'disforme' a ser moldada pelo professor."

Michel Foucault

"A prisão do jeito que é hoje, é inócua porque “se eu traí meu País, sou preso; se matei meu pai, sou preso; todos os delitos imagináveis são punidos de maneira mais uniforme. Tenho a impressão de ver um médico que, para todas as doenças, tem o mesmo remédio. E um remédio que não cura!”.

15 de dez. de 2016

Unidade Prisional Feminina de Palmas – TO, realiza formatura de aluna

Sim, não há outro caminho no combate a criminalidade senão a Educação. Prova de que isso é possível está ai, nas palavras de Kelle Silva Barbosa, reeducanda da Unidade Prisional Feminina de Palmas (UPF Palmas), de 24 anos, que realizou a formatura do ensino médio, na manhã desta quinta-feira, 15, na extensão da Escola Estadual do Setor Sul, localizada dentro da unidade:

“Estou surpresa e realizada, porque parei de estudar com 12 anos e, até então, não tinha mais estudado. Após ter sido presa, retornei para a escola e conclui os estudos”.

E ela ainda quer mais, seu grande sonho é fazer diferente: entrar na faculdade, sair da unidade prisional e voltar para o seio familiar. “Eu espero que a minha história sirva de exemplo para muitas pessoas lá fora. Atualmente, a educação anda muito difícil, muitas pessoas não conseguem o que eu consigo e o que consegui dentro do sistema prisional”, ressaltou.

Kelle fez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nos últimos dias 6 e 7 de dezembro e espera ter tirado uma boa nota para ingressar em uma faculdade. Ela concluiu o ensino médio e terá que parar de estudar, porém gostaria muito que a Secretaria de Estado da Cidadania e da Justiça – SEJICU, pudesse lhe colocar em um programa voluntário para ajudar na alfabetização das reeducandas da UPF, na intenção de que elas continuassem frequentando a escola.

Segundo Zila Parra, diretora de extensão da Escola Estadual do Setor Sul da UPF, a formatura de Kelle Silva Barbosa é a realização de um sonho. “Essa formatura representa um marco dentro da UPF, um acontecimento que, muitos, lá fora, não conseguem e ela pode ter essa oportunidade e muitas ainda terão, comemorou”.

Maria Soares Maione, diretora da unidade, considera a educação muito importante dentro da unidade. “Cada pessoa que se forma, transforma-se em uma pessoa melhor. Tenho certeza de que com cada uma estudando e se profissionalizando com os cursos que oferecemos, aqui na unidade, elas sairão pessoas melhores e com grande comprometimento social”, ressaltou a diretora.

Em 2016, ao todo, 38 reeducandas foram matriculadas na unidade, sendo 18 para cursar o ensino médio e fundamental e 18 transferidas para as unidades de semiliberdade do Estado ao longo do ano. Outras 16 reeducandas concluíram os estudos com êxito.


Exemplos de que a Educação prisional altera rotinas e aponta novos caminhos nós temos, basta ampliar, tornar isso uma meta dentro do sistema prisional. Não é assistencialismo ou benevolência, mas um direito previsto por lei. O cárcere não consiste apenas em tirar o individuo transgressor de leis das ruas e trancafiá-lo na rotina intramuros das prisões, mas sim reeducá-lo, tal como vem sendo feito no Tocantins. Ora, sabemos que no Brasil não existe pena perpétua, uma hora os apenados cumprem o débito para com a justiça e saem. A pergunta que nós, enquanto sociedade devemos fazer é: Como desejamos que estas pessoas saiam do cárcere e voltem ao convívio com a sociedade extramuros?

Fonte: Governo do Tocantins  

14 de dez. de 2016

Dom Paulo Evaristo Arns - O cardeal dos Direitos Humanos

Para os jovens de hoje, Dom Paulo Evaristo Arns foi delineado nos textos baratos da Direita repulsiva como sendo o principal inspirador da política de direitos humanos “que só protege os bandidos”. No entanto, já aqueles que buscam ler a verdadeira e triste biografia da Ditadura de nosso país e que de fato sabem o significado dos Direitos Humanos, Dom Paulo foi um homem imprescindível dentro do que fez neste Brasil de ganância exacerbada e da competição insana. Seu exemplo deve inclusive servir como antídoto para ser ministrado nestes tristes tempos que vivemos, dentro de um país que cada vez mais retrocede aos dias negros da história.

A atuação pastoral de Dom Paulo Evaristo Arns foi voltada aos habitantes da periferia, aos trabalhadores, à formação de comunidades eclesiais de base (CEB) nos bairros, principalmente os mais pobres, ao cárcere, em especial o Carandiru e à defesa e promoção dos direitos da pessoa humana.

Filho do colono Gabriel Arns, muito humilde da região de Criciúma, antiga colônia de imigrantes alemães em Santa Catarina, Dom Evaristo entrou para o seminário Franciscano. Muito anos depois, quando concluía os estudos na Sorbonne com uma tese sobre a técnica do livro segundo São Jerônimo, o frade mandou um telegrama para seu pai, que lhe disse antes de sair do Brasil, a seguinte frase: “Paulo, nunca se envergonhe de dizer que você é filho de colono”. Ele então respondeu ao pai: “O filho do colono é doutor pela Universidade de Paris e não se esqueceu da recomendação do pai”.

DITADURA - 30 de outubro de 1979: Lá estava o corpo do operário Santo Dias da Silva – cujo desaparecimento só não aconteceu porque sua mulher, Ana Dias, entrou à força no carro dos policiais que o transportaram. Depois de discutir com a PM para que libertasse os militantes presos por organizar uma greve não apoiada pelo sindicato, o metalúrgico foi baleado nas costas diante de uma fábrica na zona sul paulistana.
“Dom Paulo saiu de casa com todos os trajes episcopais e chegou dizendo: ‘Abram a porta. É o arcebispo de São Paulo’. Foi aonde estava o corpo e pôs o dedo na bala, indicando o ferimento feito por um policial”.  O operário só não “desapareceu” porque Paulo Evaristo Arns abriu caminho para que seu corpo pudesse ser sepultado. 
Dom Paulo lutou bravamente contra a ditadura, ele, por exemplo, jamais acreditou na versão de que o jornalista Vladimir Herzog, o Vlado, houvesse cometido suicídio na cela em que estava detido, no DOI-Codi, outro aparelho da ditadura. Comandou então, na Catedral da Sé, um ato ecumênico que entraria para a história da luta pela democracia e o fim da ditadura no Brasil, missa de sétimo dia da morte de Vlado.

MORADORES DE RUA – Em 1973, alguns anos depois de se tornar arcebispo de São Paulo, Dom Evaristo tomou uma atitude que até hoje soa como surpreendente no meio católico. Ele simplesmente vendeu por US$ 5 milhões o Palácio Episcopal Pio 12, um imponente imóvel usado como residência oficial da autoridade católica e mudou-se para uma casa simples no bairro do Sumaré. Mais radical ainda, ele com o dinheiro arrecadado com a venda do imóvel, determinou a construção de 1.200 centros comunitários na periferia de São Paulo, abrigando assim várias famílias sem moradia e também construindo lá ambientes informais para reuniões das paróquias locais. 
Eram barracos de madeira, a maioria construída em mutirão, que os próprios morados incentivados por ele fizeram e assim também organizaram creches, escolas, transporte e postos de saúde, dentre tantas outras coisas.
Tempos depois, junto da Pastoral do Povo da Rua, ocorreu um episódio em que um grupo de moradores de rua estava na iminência de passar mais uma noite fria do inverno paulistano debaixo de um viaduto. A Prefeitura de São Paulo, então administrada por Paulo Maluf, havia fechado um abrigo e, naquela noite, dom Paulo disse que dormiria no local enquanto não fosse reaberto. Imagine só, o arcebispo embaixo de um viaduto, Maluf então ordenou que fossem tomadas providências para abrigar a população de rua.

PAULO FREIRE - "Quanto ao Paulo Freire, eu fui a Genebra para convencê-lo a voltar ao Brasil, depois de 10 anos de exílio. Garanti que eu iria cuidar da chegada dele aqui. 
E mandei toda a nossa Comissão de Justiça e Paz, que eram mais de 40 pessoas, junto com amigos, para recebê-lo em Campinas. De fato a polícia o prendeu, mas, depois de duas horas de interrogatório, eles viram que todos estavam contra eles e soltaram o Paulo Freire, que ficou conosco, com uma grande amizade comigo, até o momento da sua partida”. (Dom Paulo Evaristo Arns)

CARANDIRU - Dom Evaristo Arns percorreu por muitos anos Casa de Detenção de São Paulo, então o maior complexo penitenciário da América Latina com 7.500 presos (mais que o dobro da sua capacidade). Lá ele ouvia os apenados, realizava missas e projetos sociais com os presos. 

Pós o massacre, ele considerou os fatos trágicos e únicos na História do país. Junto com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), formou uma comissão para investigar a chacina dos presos.

Como reconhecimento por sua obra humanitária, Dom Paulo recebeu vários prêmios no Brasil e no exterior, como o Prêmio Nansen do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), o Prêmio Niwano da Paz (Japão), e o Prêmio Internacional Letelier-Moffitt de Direitos Humanos (EUA). 

Criou também a Comissão de Justiça e Paz de São Paulo e foi o grande artífice do projeto Brasil: Nunca Mais (livro sobre as violações de direitos humanos durante o regime militar), integrando também o movimento Tortura Nunca Mais, dele decorrente. Acesse aqui para ler a obra digital. 

Em outubro de 2012, o jornalista Ricardo Carvalho lançou a biografia “O cardeal da resistência – As muitas vidas de dom Paulo Evaristo Arns”.

Uma de suas últimas menções, já na UTI – Unidade de Terapia Intensiva -, foi: “Confiança, vamos avante. De esperança em esperança. Na esperança sempre. A gente pode desanimar sofrer, esmorecer, mas desistir jamais. A esperança não é o ópio do povo, mas o motor que modifica o mundo.”

Perdemos hoje mais do que um emérito arcebispo, em verdade se foi um bravo militante dos Direitos Humanos, um homem que lutou contra a Ditadura, acolheu os pobres e levou consolo e esperança aos presos. Fica o seu legado e a esperança que ele tanto nos ensinou à nunca perder. Infelizmente, dentro da nossa lamentável contemporaneidade Brasileira, é tudo de que mais necessitamos: Esperança de que o Brasil possa sair desta crise que nos assola, esperança de que o golpe caia por terra e que não venhamos a retroceder mais do que já estamos... Esperança de não precisar voltar a lutar dentro da Ditadura que Dom Evaristo tanto combateu. Vá em paz Paulo, na paz que tanto desejou à humanidade, e nos céus da paz olhai e rogai por nós. 


Fonte:
Memórias da Ditadura
Pastoral de Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo

Instituto Dom Paulo (http://www.dompaulo.org.br/)

9 de dez. de 2016

Biblioteconomia Social: discutindo e refletindo a identidade de gênero

Será que os Bibliotecários estão preparados para atender a demanda de informação no que tange a "Identidade de Gênero"? 

Foi o que eu e a Dandara abordamos neste artigo. Buscamos refletir sobre o assunto e assim trazer à tona esta pauta por demais relevante e pertinente. 

Fica nosso agradecimento ao Luis Mahin Domingues (transgênero)  pelo depoimento que nos forneceu, infelizmente, mostrando o quanto ainda há preconceito e ausência lamentável de informação... Mas o que mais constrange é que muitas vezes essas informações são lacunas exatamente dentro dos locais sob gestão dos bibliotecários: as Bibliotecas. E mais, bibliotecas universitárias. 

"No ambiente acadêmico a prática do “silenciamento” e da ‘’naturalização’’ em virtude de nossa presença é arma eficaz utilizada por aqueles que preferem omitir seus preconceitos a admiti-los". (Luis M. Domingues)

14 de nov. de 2016

34º Painel de Biblioteconomia - ACB superando a crise com show de qualidade e inovação

Em tempos de crise, como organizar um evento sem recursos financeiros? Pois a ACB Associação Catarinense de Bibliotecários - contornou este problema investindo na inovação, abusando da criatividade e oferecendo a comunidade cientifica dois dias de êxtase total, do começo ao encerramento do 34º Painel de Biblioteconomia. 

O Painel, realizado nos dias 11 e 12 de Novembro, abordou a “INTERDISCIPLINARIDADE NA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO: o papel social do profissional”. Em 2016, os eixos abordados foram: Perspectivas Museológicas, Arquivologia e Biblioteconomia.


Uma das grandes sacadas da ACB, inclusive elogiada por todos os presentes, ficou por conta dos Grupos de Trabalhos – GTs, cujas abordagens centravam-se na Educação, Tecnologia e o Social, aliás, este último tema enfocou as Bibliotecas Prisionais e o Papel dos Bibliotecários dentro deste contexto. 

Foram dias de canto e encanto, trocas de experiências que vão além da cientificidade. Os membros da ACB não apenas recebem seus convidados e participantes, eles os acolhem como uma grande família que abriga seus pares.


Alunos engajados, comprovando que temos grandes promessas de futuros profissionais da informação com consciência e responsabilidade social. Bibliotecários, Museólogos e Arquivistas de várias partes do país marcaram presença numa grande miscelânea de informações. 

Que outras Associações do Brasil possam se inspirar na ACB e levar como exemplo de que as dificuldades existem, mas que podem ser superadas. A Equipe do Painel provou o que é a essência de Biblioteconomia Social ao contornar as dificuldades investindo na qualidade, destaque aclamado por todos durante o evento. 

Foram dias de risos, aprendizado, interação e até lágrimas, sim, afinal o coração também chora por contentamento e saudades de um Painel que mal terminou e já deixou o gosto de quero mais em cada um de seus participantes.


O grande diferencial promovido pela ACB consistiu no enfoque humanístico do fazer profissional, destacando o Social como prioridade máxima dentro da contemporaneidade. Todas as atividades buscaram o debate e a reflexão sobre uma Biblioteconomia progressista, ativa e participativa dentro das comunidades, ou seja, uma Biblioteconomia Social.

Fica então registrado os meus mais sinceros parabéns para a família ACB, pela iniciativa de percorrer os caminhos sociais da área, mas acima de tudo por fazerem-se exemplo do que de fato é um coletivo que luta por um sociedade melhor. 


ACB - Associação Catarinense de Bibliotecários é uma entidade de classe que desenvolve suas atividades desde 1975 com o objetivo de representar os profissionais e de lutar pelos objetivos da classe e pelo movimento de vários profissionais Bibliotecários; os quais acreditavam que a união e a composição de grupos pudessem causar mais impacto na sociedade, e assim garantir o espaço do Bibliotecário. Leia mais... 



7 de nov. de 2016

Biblioteca Pública Prisional

Você já imaginou uma Biblioteca Pública dentro de uma instituição penal? Pois é, incrível, não? Mas existe, fica nos EUA. Já que os presos não podem ir à Biblioteca Pública de Nova York, então ela foi até os presos.

Desde 1984, a biblioteca leva livros até a penitenciária de Rikers Island, por meio de seu carrinho semanal. No entanto, é a primeira vez que instauraram uma filial da biblioteca atrás das grades. 

A unidade de informação foi implantada na prisão feminina de Rikers Island, possui 1.200 obras literárias com assuntos diversos e abre toda terça-feira por cerca de seis horas diárias, período que as apenadas podem escolher os livros e levar para suas celas.

Segundo Emily Jacobson, um dos bibliotecários que trabalha na biblioteca prisional de Rikers Island: "Nós tentamos construir nossas coleções com base no que as presas querem, se as garotas pedem algo específico não temos, podemos ir e tentar encontrá-lo ou trazer a próxima melhor coisa”.

E aqui no Brasil? Pois é... Temos a Lei de Execução Penal – LEP nº 7.210 de 11 de Julho de 1984, que roga como obrigatória a presença de bibliotecas dentro das instituições penais. Mas, em se tratando de Brasil, ter a Lei é uma coisa, aplicá-la é bem outra. Bibliotecário atuando no cárcere então, ai é quase raridade. Lembrando que temos a quarta maior população penal em nível de mundo.

Continuo bradando que não há outro caminho no combate da criminalidade senão os caminhos da Educação e os livros são ponte nessa jornada. Sequer precisamos de novas leis para isso, basta fazer valer aquelas que já existem. O que falta para isso? Interesse!


24 de out. de 2016

Eu Te Conto, Você Me Conta

Passei uma semana na Unidade Pediátrica do Hospital de Clínicas de Ribeirão Preto. O convite veio da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP, ministrei oficinas de Contação de Histórias para as crianças do HC Criança.


Logo que cheguei por lá, precisei entender o contexto em que eu estava inserida, afinal, não se trata de um Hospital para cuidados básicos em saúde infantil e sim de tratamentos para os pequenos com doenças que vão desde os diagnósticos oncológicos até anomalias graves. Pacientes do Estado todo de São Paulo e até demais regiões do país.
No começo foi por demais complicado, eu que já fiz mediações de leitura nos locais mais inusitados, das prisões às favelas, sertão nordestino, etc... Mas lá, nada foi só mais uma atividade de contações de histórias.


Como pegar um livro e fazer os pequenos esquecerem a fragilidade do corpo e assim amenizar as dores que os assola? A leitura não é fábrica de milagres, mas querem saber? Mesmo que por instantes, ela é capaz sim de tornar em verdadeiro “Faz de Conta” a rotina das crianças.
Lógico que é foi preciso adaptar, reinventar, improvisar, tudo ali, na hora. Em verdade são eles que dão o Feedback quase que instantâneo e se tornam os maestros do que deve ser feito.


Nos últimos dias, eu estava no sétimo andar, fazendo contação para os que estavam internados. Próximo a porta estava uma garotinha, 4 aninhos, ela vibrava com as histórias. No dia seguinte eu voltei e já prestes a começar as atividades, uma enfermeira me interrompeu perguntando se eu poderia esperar um pouco, pois a MF (por ética e respeito não citarei o nome da menina) queria novamente ouvir a contação. Então ela chegou, amparada pela avó e as técnicas de enfermagem. Com dificuldades para falar, me chamou e quase sussurrando pediu:
- Tia, você conta a história da “Lua Luana”?
Não hesitei e para agraciar de alguma forma aquela menininha, eu na hora troquei “Lua Luana” por “MF”, no lugar de ler o nome da personagem do livro, eu falava o dela, a doce, meiga e frágil personagem da vida real. Ao final, eu dei a ela o livro de presente, que o colocou no colo e antes que eu pudesse encerrar minhas atividades, ela precisou ser retirada do local, já que estava muito debilitada.



A grande parceria deste trabalho foi a Massfar, empresa de Realidade Aumentada, única com autorização no Brasil para utilizar o aplicativo Zappar. O fascínio da garotada, ao final das histórias, quando interagiam com personagens que saiam das paredes por meio de Zapcodes.
Eu sempre buscava inserir nas histórias os animais por trás dos códigos do aplicativo. Aliás, enfatizo e ressalto o quanto a tecnologia pode e deve nos auxiliar dentro da aplicabilidade de Biblioteconomia Social. A realidade aumentava chegou como verdadeira ferramenta cultural e educativa, que neste caso, serviu de aporte nas contações de histórias.

Em virtude da debilidade física, nada tinha como ser dentro do tempo estipulado, não era o tempo das histórias, mas o tempo deles... A essência era pegar a leitura e torná-la uma terapia do “Era uma vez um lugar feito de riso, onde tudo era festa e a tristeza estava proibida de entrar...”
Quando você se entrega ao fazer o que ama, tudo flui de modo tão gratificante, que não há palavras para descrever a emoção ao abrir seu Facebook e ler este tipo de depoimento da mamãe do menino João Pedro.



Imagina uma mãe que pega seu nome no banner pendurado no hospital, busca você na rede social e lhe marca para oferecer carinho sob forma de palavras. Teve Bibliotecária chorando sim, mas lágrimas de contentamento, afinal, o coração também chora de alegria.



5 de set. de 2016

Golpe de 1964 e a Ditadura Militar - 66 Obras Grátis para Download

Vivemos, infelizmente, um momento histórico que remonta lembranças às quais é inevitável não comparar com o que houve lá trás. Em virtude dos últimos acontecimentos, muito se fala sobre 1964 e não há como negar as similaridades. Contudo, nem todos conhecem – embora devessem, os acontecimentos daquele período que manchou de sangue e lágrimas a história de nosso país. Estaríamos retrocedendo e voltando a repetir o passado?

De acordo com os livros de História


1964: No começo da década de 1960, o país atravessava uma profunda agitação política. Depois da renúncia do presidente Jânio Quadros (PTN), em 1961, assumiu seu vice, João Goulart (PTB), conhecido como Jango, um homem que defendeu medidas consideradas de esquerda para a então política brasileira. Faziam parte de seus planos as reformas de base, que pretendiam reduzir as desigualdades sociais brasileiras. Entre estas, estavam as reformas bancária (para ampliar crédito aos produtores), eleitoral (ampliar o voto aos analfabetos e militares de baixas patentes), educacional (valorizar os professores, oferecer ensino para os analfabetos e acabar com as cátedras vitalícias nas universidades) e agrária (democratizar o uso das terras). O perfil de Jango logo preocupou as elites, que temiam uma alteração social que ameaçasse seu poder econômico. Entre as medidas adotadas para enfraquecer o então presidente está a adoção do parlamentarismo, que, em 1961 e 1962, atribuiu funções do Executivo ao Congresso, dominado na época por representantes das elites. O regime presidencialista foi restabelecido em 1963 após um plebiscito. A crise econômica e a instabilidade política se propagavam no país. Jango propôs, então, reformas constitucionais que aceleraram a reação das elites, criando as condições para o golpe de 64. Com as reformas, ele pretendia controlar a remessa de dinheiro para o exterior, dar canais de comunicação aos estudantes e permitir que os analfabetos, maioria da população, votassem. O estopim para o golpe militar aconteceu em março de 1964, quando Jango, após um discurso inflamado no Rio de Janeiro, determinou a reforma agrária e a nacionalização das refinarias estrangeiras de petróleo. Imediatamente, a elite reagiu: o clero conservador, a imprensa, o empresariado e a direita em geral organizaram, em São Paulo, a "Marcha da Família Com Deus pela Liberdade", que reuniu cerca de 500 mil pessoas. O repúdio às tentativas de reforma à Constituição Brasileira e a defesa dos princípios, garantias e prerrogativas democráticas constituíram a tônica de todos os discursos e mensagens. Em 31 de março daquele ano, os militares iniciam a tomada do poder e a deposição de Jango. No dia 2 de abril, o presidente João Goulart partiu de Brasília para Porto Alegre e Ranieri Mazilli (PSD) assumiu a presidência interinamente. Dois dias depois, João Goulart se exilou no Uruguai. Em 09 de abril, foi editado o AI-1 (Ato Institucional número 1), decreto militar que depôs o presidente e iniciou as cassações dos mandatos políticos. No mesmo mês, o marechal Castello Branco (Arena) foi empossado presidente com um mandato até 24 de janeiro de 1967.

Na visão do Cientista Social Roniel Sampaio


2016: Em 2016 a História parece se repetir como farsa. A mesma instabilidade social e política são criadas para que o Legislativo aprove retrocessos. A grande mídia tem centrado fogo em um grupo político e incitando o judiciário e a Polícia Federal a atacar um grupo político e poupar outros. Cunha, Aécio e Calheiros estão sendo poupados flagrantemente, mesmo havendo provas contra eles. A obstinação em centrar fogo em um único grupo político é tamanha que a Constituição está sendo desrespeitada: Grampos ilegais, falsificação de documentos, atropelamento de competência e abuso de poder. Vale a pena abrir mão da ordem constitucional para tirar um partido do poder? Não é possível concluir, até o momento, que Lula cometeu crime. Essa é a conclusão do próprio Juiz Sérgio Moro quem até o momento diz não haver nenhuma prova contra o ex-presidente. É importante nos atentarmos que não dá pra afirmar se alguém é culpado ou inocente até que se encerrem as investigações. A estratégia da operação Lava-Jato é concentrar a investigação em um partido político e, em especial, em dois nomes. O Partido: PT. Os nomes: Lula e Dilma. Os objetivos parecem cada vez mais claros: não é combater a corrupção e sim aos dois. Se assim não fosse, todos seriam indiciados conforme a força das provas contra eles. Aécio, Cunha e Calheiros possivelmente já estariam presos.   Os objetivos de centrar fogo em dois nomes são bem claros: Cassar Dilma e evitar a eleição de Lula.  
É difícil negar que há uma seletividade orientada por um interesse político partidário. Como consequência disso, temos um executivo atônito que aprova os retrocessos numa tentativa de sobreviver, nada mais consegue fazer além de preservar sua própria manutenção em uma corda bamba, seriamente ameaçada, como em 1961. Não importa quem vença se oposição ou situação. O que não podemos perder é a ordem constitucional. Não vale a pena abrir mão da Constituição para tirar um ou outro partido do poder, principalmente quando essa transgressão é encabeçada por setores como FIESP e setores midiáticos os quais foram os mesmos que encabeçaram a quebra da ordem constitucional em 1961.


Na dúvida, leia mais sobre o assunto... Faça analogias, tire suas próprias conclusões, ai sim você terá parâmetros suficientes para de fato debater sobre o assunto. Não se permita manipular diante do sensacionalismo infundado das Redes Sociais, não seja um propagador de inverdades ou mesmo um espectador diante do triste cenário que se instaurou em nosso país. Acesse esse link e baixe gratuitamente várias obras sobre 1964 e entenda a história que envergonhou o Brasil e os Brasileiros.

Roniel Sampaio - Graduado em Ciências Sociais pela UFPI, mestre em Educação pela UNIR e Docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí.

30 de jun. de 2016

Biblioteconomia Social: As Leis de Ranganathan numa Biblioteca Prisional




Quando o Jorge Prado me fez o convite para escrever um capítulo desse livro - IDEIAS EMERGENTES EM BIBLIOTECONOMIA, ele deixou bem claro que gostaria de algo pouco informal, sem aquela linguagem da cientificidade. Sua intenção consistia justamente em trazer ao leitor uma reflexão sobre os temas abordados, deixando perguntas em aberto e assim proporcionar uma analise pós-leitura. 

Senti-me extremamente honrada de ser uma das autoras desta obra, afinal, além de ser uma iniciativa inovadora, eu haveria de estar junto dos Mestres da Biblioteconomia. 


Durante a minha formação, me foi colocado como regra máxima as Leis de Ranganathan, o pai da Biblioteconomia. Contudo, na condição de Militante de Biblio Social, compreendi na prática que não havia como seguir as Cinco Leis da Biblioteconomia dentro da contemporaneidade que vai ao encontro de Bibliotecas com suas especificidades, caso das Bibliotecas Prisionais. Então o meu capítulo foi todo direcionado a este contexto, afinal, dentro do cárcere não há como conceber a técnica bibliotecária sem antes compreender as regras da prisão e principalmente o sistema como um todo. 

Quer saber mais sobre o confronto das diretrizes de Ranganathan versus Biblioteca Prisional? Clique aqui e baixe o livro totalmente de graça. 

Dúvidas ou criticas serão sempre bem vindas. Fique a vontade para deixar seu comentário!

29 de jun. de 2016

Ex-detento apresenta TCC para juíza que o permitiu estudar

É aí que eu vivo me referindo.... Não há outro caminho no combate da criminalidade senão os caminhos da Educação. Um reencontro emocionou quem estava presente e provou que a educação é capaz de transformar vidas. 

O formando do curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Lincoln Gonçalves Santos, ex-detento, defendeu seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) no dia 22 de junho, no Campus Kobrasol, em São José. Para compor a banca avaliadora, o aluno convidou a juíza Denise Helena Schild de Oliveira, titular da Comarca da 3ª Vara Criminal da comarca da Capital, que concedeu, na época, liberdade condicional a Lincoln em razão da progressão de regime, para ele estudar.

O exemplo tá nessa matéria, é possível, é realidade. Inspiremo-nos! ‪#‎BiblioteconomiaSocial

Assessoria do TJSC

LIVROS NO CÁRCERE: Com leitura de livros, apenados concorrem a Prêmio Nacional


Presos do Complexo Penal Agrícola Dr. Mário Negócio concorrem ao prêmio (Foto: Divulgação/Sejuc)
LIVROS NO CÁRCERE - Não é favor, regalia ou qualquer outra coisa senão LEI. A noticia dessa matéria é maravilhosa, só comprova o quanto os livros são capazes de alterar rotinas, vidas. Vivo bradando isso. Mas os presos, desse projeto e em tantas outras prisões, só conseguem os livros por meio de doação. Volto a enfatizar, ressaltar, clamar e solicitar que se faça valer a Lei. BIBLIOTECAS SÃO UNIDADES DE INFORMAÇÃO OBRIGATÓRIAS NAS INSTITUIÇÕES PENAIS. LEI Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984: "Do Objeto e da Aplicação da Lei de Execução Penal .... Em atendimento às condições locais, dotar-se-á cada estabelecimento de uma biblioteca, para uso de todas as categorias de reclusos". 

Prêmio Innovare dissemina práticas transformadoras na Justiça brasileira. Para cada livro lido, presos de Mossoró têm quatro dias diminuídos da pena. O Complexo Penal Agrícola Dr. Mário Negócio, maior presídio de Mossoró, na região Oeste do Rio Grande do Norte, está concorrendo ao Prêmio Innovare 2016 – cujo objetivo é o reconhecimento e a disseminação de práticas transformadoras que se desenvolvem no interior do sistema de Justiça do país. Participam do projeto, denominado 'Releitura – Remissão pela Leitura e Produção de texto na Execução Penal’, 56 detentos. Para cada livro lido, o interno tem quatro dias diminuídos da pena que ele tem que cumprir. Porém, é preciso provar que entendeu o que leu. Ao final de cada leitura, o preso faz uma resenha contando a história 

O preso inscrito no projeto tem prazo de 21 a 30 dias para ler uma obra, que pode ser literária, clássica, científica ou filosófica. Ao final, deve apresentar uma resenha sobre o livro escolhido. A comissão organizadora da unidade prisional, composta por pedagogos, avalia se o conteúdo está compatível com a obra e se não houve plágio. Em seguida, o resultado da avaliação é enviado ao juiz competente, responsável pela decisão final a respeito da remissão. 

Alrivaneide Lourenço, diretora da penitenciária, acrescentou que o preso/leitor pode ler quantos livros quiser, mas o benefício só é concedido, no máximo, 12 vezes por ano. "Ou seja, pelo projeto, ele só pode ter reduzido 48 dias de prisão a cada ano", explicou. Os livros obtidos pelo projeto chegam à penitenciária por meio de doações. Mais de 400 obras já foram arrecadadas desde setembro do ano passado. Leia mais sobre o Projeto...