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17 de mai. de 2018

Hospital do Livro: obras literárias restauradas por presos

Penitenciária Estadual de Ponta Grossa
Seis presos da Penitenciária Estadual de Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais (PR), trabalham na recuperação de livros de literatura. As obras, após os reparos, são distribuídas gratuitamente pela cidade. Em dois meses, o projeto Hospital de Livros já recuperou cerca de 200 obras. Os livros restaurados fazem parte do acervo de outro projeto, o Pegaí Leitura Grátis, que distribui obras literárias gratuitamente em várias cidades do Paraná. Há também livros doados às bibliotecas da Penitenciária Estadual de Ponta Grossa e do Centro de Regime Semiaberto. Um profissional cedido pela coordenação do projeto Pegaí capacitou os presos para o trabalho de restauração dos livros, que exige especialidade e técnica. 

RECUPERAÇÃO – O projeto nasceu da necessidade de recuperar livros danificados pelo mau uso ou desgaste natural do tempo. “Muitos seriam descartados e agora voltam à vida”, afirma o diretor da unidade prisional, Luiz Francisco da Silveira. Vale destacar que os apenados nada ganham por isso senão a remição da pena por meio do trabalho. 

O “Pegaí – Leitura Grátis” é uma iniciativa sem fins lucrativos, não governamental, criado em julho de 2013 na cidade de Ponta Grossa, no Paraná, e mantido por um grupo de pessoas apaixonadas por leitura e que acreditam que os livros não podem ficar guardados nas estantes, privados de serem lidos. Idealizado pelo professor universitário Idomar Augusto Cerutti, o objetivo da iniciativa é incentivar o hábito da leitura. Para isso, a proposta é receber a doação de livros e colocá-los à disposição de novos leitores em locais públicos. 

Recentemente, a Comissão Brasileira de Bibliotecas Prisionais (CBBP) visitou a Penitenciária Estadual de Ponta Grossa, dentro do "Encontro Paranaense de Bibliotecários" e foi convidada a conhecer o Hospital de Livros. 


CBBP com o professor idealizador do "Hospital de Livros, Idomar Cerutti, e os apenados restauradores.

Segundo Catia Lindemann, presidente da CBBP: 

“É incrível esse projeto. Dá aos apenados o pertencimento pelos livros, eles se empoderaram pelo projeto e sabem que ao dar vida nova nestes livros, estão também propiciando com que bibliotecas, comunidades e pessoas possam usufruir de uma obra revitalizada que só foi possível porque passou pela mão deles."


O Instituto Pegaí Leitura Grátis segue seu projeto de expansão em Ponta Grossa. No final de 2017, a Cadeia Pública Hildebrando de Souza recebeu sua segunda estante de disponibilização de leitura , dessa vez dentro de uma de suas galerias. “É uma galeria com perfil diferenciado de apenados”, conta o vice-diretor da Cadeia, Rodrigo Furman, explicando que o espaço recebe apenados provisórios e condenados, mas que são réus primários.



O "Pegaí" vive basicamente de doação de livros e mobilizou uma campanha chamada “Liberte seu livro” dentro do Aeroporto Internacional Afonso Pena em São José dos Pinhais – PR. 

Aeroporto de Curitiba
A iniciativa tem por objetivo receber doações de livros de literatura de viajantes que estão chegando no aeroporto, foram instaladas diversos painéis publicitários para estimular as doações, com 3 balcões para recebê-las,  localizados junto das esteiras, tanto doméstico quanto internacional e também na área pública, logo na saída do desembarque doméstico.




Apenado restaurador explicando seu trabalho de recuperação das obras
Os livros doados são posteriormente colocados para empréstimo de todo e qualquer cidadão, sem maiores formalidades, como o nome já diz, "Pegaí", "leva e devolve quando terminar de ler. Vai da consciência de cada um a devolução", como afirma Idomar Cerutti. As obras danificadas são levadas para o "Hospital do Livro" e depois restauradas pelos presos. 



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