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21 de fev. de 2017

Ela é Professora de Língua Portuguesa, com Pós em Literatura e desenvolve um projeto de leitura dentro de presídio em Teresina (PI)

Lidiane Barbosa, Professora de Língua Portuguesa, com pós-graduação em Literatura Brasileira e Portuguesa, têm ajudado a mudar a rotina das detentas da Penitenciária Feminina de Teresina. Atualmente ela cursa Pedagogia na UFPI. Mas para ter como frequentar a Universidade, Lidiane recebe da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos um regime especial e transporte para realizar o curso. Sabem por quê? Porque ela também é uma apenada. 

Nos últimos anos, Lidiane Barbosa, condenada a 16 anos de reclusão, incentiva as companheiras de cela na preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Ela trabalhou 19 anos como professora na rede pública de Fortaleza, foi para Teresina e ficou detida depois que o marido foi encontrado morto, embora afirme que ele se matou, a justiça entendeu que a esposa era a responsável pelo assassinato do marido.

“Meu marido se matou. Não existem provas contra mim. Eu fui absolvida, depois condenada. Meu advogado perdeu prazo para recorrer e acabei sendo recolhida. É uma situação complicada, mas tento todo dia passar para elas que não desistam dos estudos. Incentivo a ler e agora a fazer o Enem”.

Ao ter sua liberdade privada, Lidiane Barbosa decidiu que enquanto estivesse presa mudaria a realidade da Penitenciária Feminina de Teresina. Repassaria os conhecimentos adquiridos para as presas que desejassem aprender. Lidiane desenvolveu um projeto de leitura dentro do presídio. Ela é a responsável pela biblioteca do local e duas vezes por semana percorre os pavilhões fazendo empréstimo dos livros.

“Antes de começar o projeto, sempre falava da importância da leitura e dos estudos para elas (detentas). Até que passei a ser a responsável pela biblioteca. Então, comecei a catalogar os livros e emprestá-los. Coloco num caderno o dia que elas pegam as obras e marco o dia de devolução”, explicou a professora.

O incentivo à leitura foi mais além. Lidiane conversou com as presas sobre a importância do Enem e convenceu muitas a prestar o exame e passou a corrigir as redações das companheiras.

“Temos aulas através do Programa Mais Saber da Secretaria de Educação, entretanto, algumas meninas estudam dentro de suas celas. Estas acreditam que o Enem trará uma mudança de vida quando saírem daqui. Umas pensam em se formar e ter uma vida digno”, relatou.

Uma destas presas é Ronnayra Cardoso, 24 anos, presa por tráfico de drogas na cidade de Barras, no Norte do Piauí, e transferida para Teresina. Mãe de três filhos, a jovem diz que por um momento de fraqueza caiu no crime e agora desejar sair da cadeia como uma mulher de bem. Ela desabafa:

“Lá fora fiz só até a 8ª série do ensino fundamental. Quero dar uma vida mais digna para meus filhos, por isso estou estudando aqui dentro. A Lidiane me ajudou muito neste processo. Ainda não fui sentenciada, mas espero sair logo do presídio”.



Fonte: JL/G1PI

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