
Na ocasião, também estive visitando o Presídio Feminino de Sergipe (PREFEM) na intenção de conhecer a Biblioteca Prisional que foi implantada na referida instituição a partir de uma ação em conjunto da bibliotecária Rachel Gonçalves sob a supervisão de sua orientadora do Mestrado, Germana Gonçalves De Araújo. A iniciativa nasceu, justamente, pós uma ação do Curso de Biblioteconomia, ao oportunizar uma videoconferência sobre Biblioteca Prisional, ano passado. Fiquei maravilhada com a ação da Universidade dentro da instituição penal, bem como com a excelência do ensino, pesquisa e extensão da UFS, além de suas pós-graduações. Vale ressaltar que a universidade nunca esteve envolvida em “caixa dois” e é responsável por pesquisas na prevenção e tratamento de doenças como a chikungunya e zika vírus, bem como o atendimento de saúde integral de crianças portadoras de microcefalia são realizados em nossos hospitais universitários. A UFS é a única instituição de ensino do estado que conta com dois hospitais universitários, os quais atendem exclusivamente por meio do SUS.
VISITA E INTERAÇÃO COM AS PRESAS
Emoção, não há outra palavra para descrever a manhã que passei com as mulheres encarceradas. As lágrimas insistiram em cair, mas tomadas pela comoção de ouvir e contar histórias de vida tão peculiares, tanto minha quanto delas. Infelizmente, no Brasil, de cada 10 mulheres presas, apenas uma recebe a visita de seu companheiro e a maioria acaba indo parar atrás das grades justamente por serem aliciadas por eles em seus crimes, geralmente o tráfico de drogas.
"Você vai querer ser lembrado como um grande revolucionário do seu tempo ou deseja ser apenas mais um na multidão?" (C.DC, reclusa)
Chamou-me atenção o aspecto do espaço prisional: limpo, arejado, com arte de grafite pelas paredes e muros, aliás, mais uma ação de alunos do curso de Artes da UFS. Considerando os tantos estabelecimentos penais, aos quais já visitei, posso lhes dizer que, embora o cárcere nunca seja aprazível, por lá encontrei dignidade, respeito e, acima de tudo, o cumprimento da premissa “reeducar” para com as apenadas. Embora sendo rogadas como presença obrigatória no cárcere (LEP 7.210 de 1984), as Bibliotecas Prisionais ainda beiram a margem do descaso, tomadas como mero assistencialismo e sem a execução legal que lhes legitima. No estado do Sergipe, dos 8 estabelecimentos penais, apenas 4 são dotados de biblioteca.
No PREFEM, a Biblioteca Prisional funciona atendendo todas as reclusas, sob os cuidados de uma delas, C.D.C, e na responsabilidade da Bibliotecária Raquel, discente de Mestrado, e alunos do curso de Biblioteconomia da UFS. Não existe fomento governamental dentro da ação, todo o trabalho do grupo universitário é feito de modo voluntário e até os gastos de locomoção para chegar até o presídio é por conta dos mesmos. Eis a essência da Biblioteconomia Social: doação em prol do livro e da leitura.









