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Edson Nery da Fonseca - O eterno Mestre

"Eu não tenho sequer pós-graduação, não tenho mestrado, doutorado, tenho apenas um bacharelado em uma ciência que ninguém leva a sério chamada Biblioteconomia."

Biblioteconomia Social

"A interação entre a técnica e o social me fez conceber o que intitulo de Biblioteconomia Social..."

Shiyali Ramamrita Ranganathan

"A informação necessita encontrar todos os leitores e todos os leitores devem encontrar as informações."

Jean Piaget

"O ser humano é ativo na construção de seu conhecimento e não uma massa 'disforme' a ser moldada pelo professor."

Michel Foucault

"A prisão do jeito que é hoje, é inócua porque “se eu traí meu País, sou preso; se matei meu pai, sou preso; todos os delitos imagináveis são punidos de maneira mais uniforme. Tenho a impressão de ver um médico que, para todas as doenças, tem o mesmo remédio. E um remédio que não cura!”.

15 de mar. de 2022

Portfólios De Trabalhos Desenvolvidos


BIBLIOTECAS PRISIONAIS    

Não foi a Biblioteconomia que me apontou o caminho das Bibliotecas Prisionais, justamente o contrário. A bibliotecária que sou nasceu ao adentrar o cárcere na condição de artista plástica e descobrir que na prisão não havia sequer livro que dirá biblioteca. Quer saber mais? Acesse uma síntese da minha caminhada pelas Bibliotecas Prisionais.





PROFISSIONAL  

E foi trabalhando o livro e a leitura com os presos que me chamaram para desenvolver trabalhos de mediação da leitura e contações de histórias para projetos sociais em localidades de extrema vulnerabilidade social, além de escolas, zonas rurais, ilhas, asilos e qualquer lugar que tenha a presença das massas. Aqui está uma pequena compilação das ações que tenho feito.

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TRABALHO VOLUNTÁRIO 

A gente muda o mundo praticando o bem e não com falácias vazias de ações. Quando você faz um trabalho voluntário, você não é pago em dinheiro ou reconhecimento. Você é pago em amor. As pessoas podem esquecer o que você disse ou o que você fez, mas elas nunca esquecerão o que você as fez sentir. Assim tenho feito ao longo de minha trajetória enquanto cidadã e, principalmente, dentro da Biblioteconomia Social. Fiz um apanhado de minhas atividades voluntárias e os convido para conhecer e, quem sabe, de algum modo eu possa inspirá-los a seguir neste caminho iluminado do voluntariado.

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27 de jul. de 2020

Quarentena Literária: Sites para acessar livros de graça

5 Dicas de leitura e 5 Sites para acessar obras inteiramente de graça

A quarentena tem sido um momento de medos e incertezas para todo mundo. Mas, ao mesmo tempo, traz uma grande oportunidade de reflexão. Por ser um período de distanciamento social, é comum que as pessoas sintam falta do importante convívio em sociedade. Com isso, sintomas de ansiedade ou depressão podem ser percebidos nesse período. É preciso investir em ações que auxiliem na redução do nível de estresse e a leitura pode, até deve, ser uma ótima opção. O surto de coronavírus obrigou o mundo inteiro a ficar em isolamento social. Inicialmente, as pessoas começaram com uma abordagem positiva para combater a situação atual. No entanto, a cada dia que passa, a monotonia está exagerando em sua criatividade. Há um nível de satisfação para quase todas as atividades, como cozinhar, pintar, limpar, jardinar, entre outras coisas internas em que as pessoas realizam dentro da quarentena. No entanto, há algo que não desaparece com o tempo e nem esgota nunca: ler! A leitura não é nada chata e é a porta de entrada para a paz para a qual a mente é criada.
  

Covid19 - Veja por que você deve desenvolver o hábito de ler em quarentena: 


1. Ler é chato – Jamais, isso é um mito 

Muitas pessoas presumem que a leitura é chata, pois lhes dá a sensação de estudar para algum exame ou algo semelhante. Antes de tudo, evite essa ideologia estereotipada, a leitura não é uma responsabilidade que você precisa pressurizar a si mesmo ou a sua mente. De fato, é um exercício para o seu cérebro. 

2. Não leia conteúdo útil 

Como estamos falando de atividades de lazer aqui, não faz sentido antecipar objetivos futuros. Basta escolher o que você ama. Por exemplo, você é uma pessoa de negócios e qualquer coisa relacionada à economia ou mercado beneficiaria você, mas, ao mesmo tempo, você gosta de histórias românticas. A leitura é uma atividade de lazer; portanto, escolha o que seu coração deseja e não o que seu cérebro calcula. 

3. Qualquer gênero está insuflando profundo conhecimento em você 

Não pense que, se você estiver lendo para se divertir, nunca será benéfico para você. O conhecimento nunca é desperdiçado. Ao contrário, aprimora seu talento interior. É uma excelente maneira de se conectar com sua alma e, uma vez conectado, você pode ver claramente o seu caminho. Portanto, a leitura apenas canalizará sua energia na direção certa. Talvez você estivesse no caminho errado a vida toda e esse fosse o momento certo para aproveitar ao máximo seu talento interior. 

4. A leitura aguça a mente 

Já foi comprovado por muitos especialistas que a leitura liga seu circuito principal, ou seja, seu cérebro. É uma ótima maneira de fazer exercícios cerebrais. No entanto, funciona apenas quando você não lê apenas para ler, mas tem prazer no que está lendo. Essa satisfação deve ser alcançada por dentro e você acabará por desenvolver um belo relacionamento com seus livros. 


5. Melhora as habilidades de comunicação

Quando você desenvolve o hábito de ler livros, é capaz de perceber e armazenar as coisas permanentemente em sua mente subconsciente. Portanto, quando você escreve ou fala, é capaz de refletir sobre o que está lendo através de suas palavras. 

5 Sites para acessar e ler livros de graça

O bom é saber que podemos ler bons livros sem gastar um centavo. A web está cheia de opções para que possamos baixar novas leituras e clássicos antigos no conforto do seu tablet, Smartphone ou notebook. Existem sites com inúmeras variedades de títulos e até os Best-Sellers mais famosos do mundo. 

Confira as dicas abaixo: 

Amazon: Para reduzir o estresse, entreter e ainda ocupar sua mente, a Amazon liberou mais de 8 mil Livros grátis para leitura nesta quarentena. Para conferir todos os livros disponíveis grátis, é só acessar aqui. 


Google Books: Na seção gratuita da Google Books, você encontrará muitos livros gratuitos de diversos gêneros. Procure aqui best-sellers, clássicos favoritos e muito mais. Os livros estão disponíveis em vários formatos e você também pode conferir as avaliações e comentários de outros usuários. O sistema deste site é o mais simples, apenas o acesso ao seu domínio, o título necessário é colocado e pronto. 

eBooks Brasil: Entendemos que muitos dos sites para baixar livros online grátis em PDF não contam com exemplos em nosso idioma, mas isso não significa que não existam. O eBooks Brasil é um exemplo disso. Funcionando por meio de doações, ele permite a qualquer visitante usar as obras e usarem a seu bel prazer, exceto para fins comerciais e políticos. A entrada é livre e não precisa se registrar para baixar as obras. Além do PDF, também pode baixar livros no formato MOBI – ideal para o leitor de ebook Kindle -, eBookPro e MS Reader, entre outros. 

Portal Domínio Público: Um portal do governo brasileiro dedicado a disseminar obras clássicas de maneira livre e gratuita, o Portal Domínio Público conta com obras de licença livre. Ou seja, pode baixar sem culpa ou achar que está pirateando. Nesse portal, pode encontrar obras clássicas como A Divina Comédia e a obra completa de Machado de Assis, por exemplo. Também é possível encontrar material complementar como vídeos de entrevistas de autores ou personalidades na área de educação. Para buscar por uma obra em domínio público, basta acessar o site e procurar pelo nome do livro ou autor! 

BaixeLivros: É uma espécie de biblioteca virtual que oferece um maior relacionamento entre o leitor e o autor. O acervo disponível para leitura em seu site é composto, em sua grande maioria, por obras que se encontram em domínio público ou que contam com a devida licença por parte dos titulares dos direitos autorais. O site possui vários livros online disponibilizados na íntegra, de diversos temas, como livros infantis, didáticos, cursos, religiosos, receitas, romance, ação e aventura, gibis, literatura de cordel e muito mais. Os livros infantis são categorizados por idade, facilitando a busca da leitura adequada para cada fase do desenvolvimento infantil e todos eles são disponibilizados para download gratuito. 

OBS: Todos os sites, aqui disponibilizados, respeitam a Lei do Direito Autoral e dispõem de obras em Domínio Público, exceto a Amazon que abriu mão de seus rendimentos para ofertar leitura na quarentena. 

30 de jun. de 2020

Livros além das grades: por que focar nas Bibliotecas Prisionais?


Entrevista com Lisa Krolak, do "Instituto para a Aprendizagem ao Longo da Vida" da UNESCO

Sem dúvida, as prisões são alguns dos ambientes mais difíceis nos quais as bibliotecas podem ser encontradas, trabalhando com leitores que enfrentam problemas complexos. No entanto, ajudando a desenvolver novas habilidades e a preparar apenados para a vida do lado de fora, elas podem ter um grande impacto. Para descobrir mais, trazemos a entrevista feita com Lisa Krolak, bibliotecária-chefe do Instituto para a Aprendizagem ao Longo da Vida da UNESCO na Alemanha.

Lisa é autora do livro "Books Beyond Bars: The transformative potential of prison libraries" (Livros Além das Grades: O potencial transformador das bibliotecas prisionais), lançado no Congresso Mundial da IFLA (WLIC) em 2019 na capital da Grécia, Atenas. 

Ela preside o Grupo de Trabalho da IFLA sobre Bibliotecas Prisionais, estabelecido sob a Seção de Serviços de Biblioteca para Pessoas com Necessidades Especiais (LSN). Para mais informações, você pode contatá-la diretamente.


1) Por que focar nas bibliotecas prisionais em particular?
De acordo com padrões internacionais, os presos têm o direito de acesso à educação e informação, incluindo serviços de bibliotecas de qualidade. No entanto, na realidade, a maioria das bibliotecas prisionais não possui recursos suficientes e trabalha isoladamente. A opinião pública geralmente não é a favor de tratar bem os prisioneiros e vê o encarceramento como punição ou dissuasão. No entanto, um dia, a maioria dos prisioneiros é libertada e deve ser do nosso interesse que eles possam viver vidas livres de crimes depois. É mais provável que os presos venham de grupos e comunidades pobres, discriminados e marginalizados, e é mais provável que tenham tido uma experiência educacional limitada ou inexistente do que o resto da sociedade. Muitos têm dificuldades em ler e escrever e provavelmente nunca ou raramente usaram uma biblioteca antes. Oferecer oportunidades educacionais, incluindo serviços de biblioteca de qualidade, é uma maneira de apoiar sua reabilitação.


2) Que diferença as bibliotecas prisionais podem fazer?
O acesso à educação e, mais especificamente, bibliotecas e materiais de leitura podem ajudar a quebrar o ciclo de desvantagens educacionais, pobreza, violência e crime. Além de apoiar a aprendizagem ao longo da vida e a oportunidade de melhorar os níveis educacionais, as bibliotecas prisionais podem fornecer serviços que ajudem os prisioneiros em suas vidas diárias e os auxiliem em planejar sua liberação. Fornecer materiais para a leitura de prazer e outras oportunidades de entretenimento é uma maneira construtiva de passar o tempo livre e pode ser um meio de distração e fuga das preocupações diárias. As bibliotecas prisionais também apoiam a coesão social, atuando como locais de encontro com um ambiente calmo, descontraído e seguro, além de espaços para leituras, debates e cultura. Além disso, há o potencial transformador de participar de atividades de alfabetização (como círculos de leitura ou oficinas de escrita criativa), que propiciam o pensamento crítico e permitem que os apenados reflitam sobre sua vida. Usar os serviços da biblioteca da prisão é uma das poucas oportunidades nas quais os presos têm autonomia e responsabilidade de fazer suas próprias escolhas, selecionando o que ler e como se informar.


3) Que fatores os impedem de conseguir isso?
Pouquíssimos países têm sistemas bem estabelecidos de bibliotecas prisionais administrados por bibliotecários profissionais. Na maioria dos lugares, elas são administradas por funcionários designados da prisão, com a ajuda de reclusos ou voluntários da comunidade que não receberam ou receberam pouco treinamento em biblioteconomia prisional.


4) Que escopo existe para a aprendizagem e o intercâmbio mútuos entre bibliotecários penitenciários e outros bibliotecários?
As bibliotecas prisionais fazem parte da comunidade mais ampla de bibliotecas. Idealmente, os presos devem receber os mesmos serviços de biblioteca que as pessoas que vivem fora da prisão. Existem sistemas em que as bibliotecas prisionais são ramificações da rede de bibliotecas públicas locais. Isso garante padrões profissionais e a chance de introduzir prisioneiros em um serviço público que, esperançosamente, eles continuarão usando quando forem libertos. Em outros países, o sistema de bibliotecas públicas fez um esforço organizado para modernizar as bibliotecas prisionais de acordo com seus padrões. De qualquer forma, bibliotecários públicos e prisionais devem se conectar e trabalhar juntos. Eles podem se reunir regularmente, compartilhar materiais e planejar atividades comuns, como leituras de autores dentro e fora das prisões. As bibliotecas prisionais também podem participar de atividades culturais da comunidade em geral, como noites de leitura ou eventos de leitura em voz alta, que podem servir como uma ponte perfeita entre os dois mundos.


5) Que medidas você planeja tomar para garantir que os tomadores de decisão compreendam o valor de bibliotecas prisionais eficazes? O que você espera que eles façam?
No meu Instituto, o Instituto para a Aprendizagem ao Longo da Vida da UNESCO, publicaremos em março um resumo de políticas sobre bibliotecas prisionais destinadas a tomadores de decisão. Ele será distribuído no próximo Congresso do Crime da ONU em abril de 2020, alcançando autoridades penitenciárias de todo o mundo. Este mês, meu livro sobre bibliotecas prisionais foi publicado em alemão. Enviaremos para todas as prisões de língua alemã na Alemanha, Áustria e Suíça. Duas cópias cada, uma para a administração penitenciária e uma para o serviço de biblioteca da prisão. Além disso, forneceremos a todos os ministros federais alemães e senadores da Justiça uma cópia gratuita.
Para enfatizar ainda mais o potencial transformador das bibliotecas prisionais precisamos realizar e coletar mais pesquisas sobre os benefícios e os impactos das bibliotecas prisionais e encontrar maneiras de compartilhar essas descobertas com os tomadores de decisão. Os documentos de políticas internacionais já pedem o estabelecimento de bibliotecas prisionais, mas não fornecem diretrizes ou padrões de qualidade, particularmente sobre financiamento. Os tomadores de decisão podem ter a melhor intenção e consultar as políticas mais bem escritas, mas se no final do dia eles não fornecerem orçamento suficiente para materiais, atividades e treinamento contínuo para os funcionários da biblioteca da prisão, o serviço da biblioteca simplesmente não alcançará seu potencial.


6) Como você planeja levar esse trabalho adiante na IFLA?
No Congresso Mundial da IFLA em Atenas, em agosto de 2019, iniciamos um Grupo de Trabalho sobre Bibliotecas Prisionais. No momento, compreendemos cerca de 40 bibliotecários penitenciários e bibliotecários públicos, acadêmicos e pessoas que trabalham em organizações da sociedade civil com foco em apoiar as bibliotecas penitenciárias. O grupo já forneceu informações valiosas para o as políticas acima mencionadas para as bibliotecas prisionais. Em uma próxima etapa preencheremos a página do projeto recém-criado das bibliotecas prisionais, localizado no site da Seção da IFLA sobre Serviços de Biblioteca para Pessoas com Necessidades Especiais (LSN), com informações relevantes.
No início do verão, começaremos a atualizar e revisar as Diretrizes da IFLA para a prestação de serviços de biblioteca para apenados, pois as atuais diretrizes datam de 2005. As novas Diretrizes serão apresentadas em uma sessão sobre bibliotecas prisionais, que ocorrerá no Congresso Mundial da IFLA em Roterdã em agosto de 2021, onde esperamos também poder visitar uma biblioteca prisional.



A maioria das bibliotecas prisionais enfrentam desafios significativos. Elas geralmente são insuficientemente financiadas, não são muito atraentes e estão localizadas em locais inadequados e inacessíveis. Além disso, elas geralmente precisam contar com materiais doados e frequentemente desatualizados que não refletem os interesses, níveis de leitura, habilidades linguísticas ou necessidades da população carcerária. Em muitas bibliotecas prisionais um foco especial deve ser dado aos prisioneiros com baixos níveis de alfabetização e com formação em idiomas não nativos. Isso pode ser feito fornecendo materiais fácil leitura e em vários idiomas, mas esses materiais específicos não estarão disponíveis em muitas bibliotecas prisionais.

Entrevista originalmente feita pela IFLA (Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias). 
Tradução: Anderson Santana, Bibliotecário, Chefe Técnico do Serviço de Biblioteca e Documentação do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP). 

9 de jun. de 2020

Bibliotecas Prisionais Francesas




Ler é um direito

Na França, os direitos fundamentais dos presos, incluindo acesso a livros e leitura, são firmemente defendidos pela Controladoria Geral dos Locais de Privação de Liberdade (CGLPL), sob coordenação de Adeline Hazan, membro do Parlamento Europeu. Hazan luta para garantir o respeito dos direitos fundamentais das pessoas privadas de liberdade e foi responsável pela publicação de uma lista de recomendações para o livro e a leitura nas prisões francesas. O documento saiu no Diário Oficial francês, em 4 de junho de 2020. 


As Bibliotecas Prisionais, da França,  estão sujeitas a restrições específicas de tempo e espaço. Embora as bibliotecas sejam locais de educação, informação, cultura e intercâmbio, no cárcere, elas estão em lugares fechados, de difícil acesso e enfrentando muitas dificuldades humanas e econômicas. As administrações penitenciárias receberam uma liminar para facilitar a Educação dos condenados. Além disso, a leitura é, portanto, um direito fundamental não limitado por uma decisão judicial e “cada estabelecimento penal (prisão) deve ter uma biblioteca […]”. A obrigação de disponibilizar uma biblioteca é um caso único na França e específico para o ambiente fechado prisional. Nada exige, por exemplo, funcionários específicos para disponibilizar aos cidadãos uma estrutura de leitura pública. 


Na prisão, onde a liberdade de ir e vir estão limitados, a administração penitenciária, de cada instituição penal francesa,  deve "garantir o desenvolvimento cultural" por meio de parcerias com Bibliotecas Municipais, Departamentos Regionais de Ação e Cultura (DRAC) ou o Centro Nacional do Livro (CNL).


As missões dessas bibliotecas na prisão, estão claramente estabelecidas na circular do Ministério da Justiça de 03 de maio de 2012 e no relatório nº 9712 de 2006 da Federação Internacional da Associação de Bibliotecários (IFLA). São elas:

- luta contra o analfabetismo;

- treinamento e profissionalização;

- recursos educacionais;

- informação;

- lazer;

- socialização.

Cada uma dessas missões tem como objetivo a reintegração dos presos e cada uma encontra sua emblemática. Por exemplo, os funcionários que trabalham nessas estruturas, apontam, dentre tantos problemas: instalações apertadas, acessibilidade limitada, falta de recursos financeiros e humanos, alto índice de analfabetismo, ausência de locais para exercícios físicos e profissionalizantes, inexistência de salas de aula, locais de informação/lazer/socialização.

A falta de recursos alocados pela administração penitenciária às bibliotecas é um fator importante na explicação das dificuldades de funcionamento das Bibliotecas Prisionais. O orçamento médio de aquisição é de cerca de 1.000 Euros por ano. Essa soma é claramente insuficiente para fornecer coleções novas, diversas e de qualidade. A idade média das coleções, quase exclusivamente composta por doações em determinados estabelecimentos, é de 5 a 10 anos. Os livros costumam ser o único meio disponível, embora outros meios, como o audiovisual, sejam preferidos por causa do alto índice de analfabetismo e da complicada relação que a maioria dos prisioneiros tem com a leitura. Sob essas condições, é muito difícil oferecer uma oferta de qualidade e em quantidade suficiente. A oferta de atividades culturais é menos impactada por essa falta estrutural e de meios, na medida em que é possível solicitar financiamento público ou privado. Diferentemente das aquisições, os projetos culturais da biblioteca podem ser levados em consideração na programação do estabelecimento. Ressaltando que os DRACs podem participar no financiamento dessas ações, além de fundos europeus. O que não pode deixar de prevalecer é que “Ler é um direito” de todo e qualquer indivíduo. 



Artigo, originalmente, publicado no "Boletim de Bibliotecas da França". 


Referências: 

6 Código de Processo Penal, art. D 441-2.

Constituição de 4 de outubro de 1958, art. 66

Código de Processo Penal. Op. Cit.



FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE ASSOCIAÇÕES E INSTITUIÇÕES BIBLIOTECÁRIAS. Bibliotecas / bibliotecas de mídia em estabelecimentos penais, ficha técnica 4, 3ª edição, relatório nº 97, 2006.

Código de Processo Penal, art. D44-1: "Um programa cultural, resultante da representação mais ampla dos setores culturais, é implementado em cada estabelecimento penal".

Este artigo foi retirado de: "Toda prisão tem sua janela". Bibliotecas Prisionais, Islã e Secularismo ”em Bibliotecas, religiões, secularismo / sob a supervisão de Fabienne Henryot. Editora: Paris: Hémisphères: Maisonneuve & Larose, DL 2018. Descrição: 1 vol. (281 p.): Il., Mapas, gráfico., Capa eu vou. na cor. ; 24 cm

5 de mai. de 2020

Primeiro Doutorado sobre Bibliotecas Prisionais


No Brasil, a criação de Bibliotecas Prisionais é legitimada por meio da Lei de Execuções Penais (LEP – Lei Federal nº 7.210 de 11 de Julho de 1984) que diz em seu art. 21, Capítulo V, que: 

“Cada estabelecimento penal deve ser dotado de uma biblioteca, para uso de todas as categorias de reclusos, provida de livros instrutivos, recreativos e didáticos”. 

Quatro anos mais tarde, o direito a informação é assegurado a todo e qualquer cidadão, conforme a Constituição Brasileira de 1988, prescrito no Artigo 5º, inciso XIV, o que solidifica ainda mais a LEP das Bibliotecas Prisionais, corroborando para que todo o individuo brasileiro, inclusive os encarcerados, tenham acesso à informação.

Passadas mais de três décadas, em 2017, a Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários, Cientistas da Informação e Instituições (FEBAB) deu voz e representatividade para as unidades de informação no cárcere, ao montar a primeira Comissão Brasileira de Bibliotecas Prisionais (CBBP). Foram trinta e três anos de negligenciamento biblioteconômico e, não obstante ao descaso do governo, apenas agora temos a primeira Tese, no Brasil, sobre a temática.

O Doutor - Ciro Monteiro é Agente Penitenciário, foi Diretor substituto do setor educacional do Centro de Progressão Penitenciária (CPP) de Jardinópolis (SP); Formado em História (UNESP), Biblioteconomia (USP), Mestre em Ciência da Informação (UNESP) e Doutor em Ciência da Informação (UNESP). Ele também faz parte da CBBP, convite que lhe foi feito ainda dentro do “Primeiro Fórum Brasileiro de Bibliotecas Prisionais”, ano passado. Sua linha de pesquisa partiu da sua própria experiência com os livros e a leitura intramuros das prisões e abarcou justamente os espaços de leitura na prisão. A Tese foi defendida no final do ano passado, 19 de novembro. Segundo o próprio Ciro, é preciso refletir sobre as possibilidades de atuação do bibliotecário no interior do cárcere. 

E ele conta um pouco se sua trajetória: 

Fui funcionário da prisão por 10 anos, atuando diariamente como mediador de leitura, estruturação de bibliotecas e projetos de incentivo à leitura e produção do conhecimento. A prisão é também nosso espaço de atuação. Deixo um trechinho do meu diário de campo para despertar curiosidade em vocês:

"Hoje algo que emociona qualquer pessoa vinculada à ideia de educação como forma de transformação da humanidade, tomou conta do meu ser. Era final do dia e ainda faltava coletar assinatura dos presos em documento que autorizava o setor de educação a publicar suas poesias para o evento Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto, o qual a unidade foi convidada a participar e levar a produção de poesia dos educandos feitas por meio do projeto Rompendo as grades com poesia”. 


A ideia, discorre Ciro, era fazer um varal de poesia com as melhores poesias que foram depositadas na “caixa de poesia” para serem expostas no evento. 

"Fui até o pavilhão onde estavam todos os presos soltos e falei o nome de quais educandos tiveram a poesia selecionada. A reação foi impressionante. O caminho do educando até chegar para assinar o documento que estava em minha mão na porta do pavilhão, lembrava a passagem de um astro de futebol. Os demais reclusos gritavam, batiam palmas e passavam a mão na cabeça do contemplado. Toda essa glória por conta da produção de conhecimento é o que mais satisfaz o coração de um educador". 



Atualmente, Ciro é coordenador da  Biblioteca Pública Sinhá Junqueira, de Ribeirão Preto (SP. Ele pediu exoneração do Sistema Penitenciário para se voltar exclusivamente nos fazeres bibliotecários dedicados ao social, com atividade totalmente inclusivas. "Aqui fizemos chá das pretas, rodas de preconceitos na literatura e conferência sobre pessoas com deficiência...", relata Ciro. 


Em março deste ano, Ciro organizou um evento em comemoração ao dia do bibliotecário, 12 de março: "Livro, Leitura e Biblioteca na Prisão". Levou para ministrar fala, um egresso do sistema prisional e o atual monitor (reeducando) da sala de leitura do Centro de Progressão Penitenciária (CPP) de Jardinópolis (SP), Florindo Cassimiro Junior. 

Florindo Cassimiro Junior

"Ele é um monitor excelente, que faz um ótimo trabalho", afirma Ciro, acrescentando que o reeducando atualmente cursa graduação de Biblioteconomia (secundarista) na modalidade Ensino a Distância (EAD).

Para grande parte dos bibliotecários, a Biblioteconomia Social é redundância, afinal, a Biblioteconomia por si só é social. No entanto, embora tenha nascido completamente humanista e com viés erudito, pós o tecnicismo Deweyniano, que visava apenas a organização das obras do conhecimento, nós perdemos a nossa nascente, para não dizer a identidade. Simplificando, no sentido figurado, seria como alguém dizer seu nome sem citar o sobrenome. Ora, quantas pessoas de mesmo nome têm por aí? Então é necessário inserir o sobrenome, para então dar a origem evolutiva de nossa história. Da mesma forma acontece com a Biblioteconomia. Atribuindo o “Social”, conotamos a essência, almejando exclusivamente mostrar que a técnica bibliotecária não pode ser avessa ao social e sim parceira, andando lado a lado. Não exercemos, em tese, nossa aplicabilidade bibliotecária para os pares e sim para o leitor. Eis a base da Biblioteconomia Social: um fazer bibliotecário voltado ao povo e pelo povo, principalmente aos excluídos da sociedade, às comunidades em vulnerabilidade social. E este é o trabalho do Ciro Monteiro que nos enche tanto de orgulho e admiração.

E sim, a representatividade das Bibliotecas Prisionais tem um "Doutô SimSenhô ". Orgulho define. Inspiremo-nos! 

Apenados utilizando a Biblioteca Prisional



8 de mai. de 2019

Universidade Federal do Sergipe (UFS) e as Bibliotecas Prisionais




Na condição de Presidente da Comissão Brasileira de Bibliotecas Prisionais (CBBP), fui convidada a ministrar palestra dentro das comemorações de 10 anos do Centro Acadêmico de Biblioteconomia e Documentação da Universidade Federal do Sergipe. A Febab, que faz o "Advocacy da Agenda 2030" no Brasil, oportunizou minha ida para Aracaju e, assim, realizamos também um #EsquentaCBBD2019.


O evento foi realizado no auditório da Biblioteca Central (BICEN), contando com a presença de alunos, professores, bibliotecários e Associação de Bibliotecários do Sergipe. Além de discorrer sobre minha experiência em Biblioteconomia Social, a ocasião serviu para explanar sobre a importância do movimento associativo para implementação da  "Agenda 2030", cuja a premissa consiste em "não deixar ninguém para trás". 





Na ocasião, também estive visitando o Presídio Feminino de Sergipe (PREFEM) na intenção de conhecer a Biblioteca Prisional que foi implantada na referida instituição a partir de uma ação em conjunto da bibliotecária Rachel Gonçalves sob a supervisão de sua orientadora do Mestrado, Germana Gonçalves De Araújo. A iniciativa nasceu, justamente, pós uma ação do Curso de Biblioteconomia, ao oportunizar uma videoconferência sobre Biblioteca Prisional, ano passado. 






O PREFEM tem capacidade para 175 detentas, porém abriga 240, cada qual com suas histórias, sonhos e esperanças. Mas nos caminhos da rotina intramuros do cárcere, do presídio feminino, está a UFS com sua graduação – Biblioteconomia – e pós-graduação – Gestão da Informação e do Conhecimento. 





A UNIVERSIDADE 

Fiquei maravilhada com a ação da Universidade dentro da instituição penal, bem como com a excelência do ensino, pesquisa e extensão da UFS, além de suas pós-graduações. Vale ressaltar que a universidade nunca esteve envolvida em “caixa dois” e é responsável por pesquisas na prevenção e tratamento de doenças como a chikungunya e zika vírus, bem como o atendimento de saúde integral de crianças portadoras de microcefalia são realizados em nossos hospitais universitários. A UFS é a única instituição de ensino do estado que conta com dois hospitais universitários, os quais atendem exclusivamente por meio do SUS. 

VISITA E INTERAÇÃO COM AS PRESAS 

Emoção, não há outra palavra para descrever a manhã que passei com as mulheres encarceradas. As lágrimas insistiram em cair, mas tomadas pela comoção de ouvir e contar histórias de vida tão peculiares, tanto minha quanto delas. Infelizmente, no Brasil, de cada 10 mulheres presas, apenas uma recebe a visita de seu companheiro e a maioria acaba indo parar atrás das grades justamente por serem aliciadas por eles em seus crimes, geralmente o tráfico de drogas. 


"Você vai querer ser lembrado como um grande revolucionário do seu tempo ou deseja ser apenas mais um na multidão?" (C.DC, reclusa)










O LOCAL

Chamou-me atenção o aspecto do espaço prisional: limpo, arejado, com arte de grafite pelas paredes e muros, aliás, mais uma ação de alunos do curso de Artes da UFS. Considerando os tantos estabelecimentos penais, aos quais já visitei, posso lhes dizer que, embora o cárcere nunca seja aprazível, por lá encontrei dignidade, respeito e, acima de tudo, o cumprimento da premissa “reeducar” para com as apenadas. 


Registro o meu muito obrigada a direção da unidade prisional,  na pessoa da Andréa Andrade, por nos receber e pelo lindo trabalho que realiza com as internas, acreditando que somente a Educação, de fato e verdade, é capaz de combater a criminalidade. 



BIBLIOTECA PRISIONAL 

Embora sendo rogadas como presença obrigatória no cárcere (LEP 7.210 de 1984), as Bibliotecas Prisionais ainda beiram a margem do descaso, tomadas como mero assistencialismo e sem a execução legal que lhes legitima. No estado do Sergipe, dos 8 estabelecimentos penais, apenas 4 são dotados de biblioteca. 



No PREFEM, a Biblioteca Prisional funciona atendendo todas as reclusas, sob os cuidados de uma delas, C.D.C, e na responsabilidade da Bibliotecária Raquel, discente de Mestrado, e alunos do curso de Biblioteconomia da UFS. Não existe fomento governamental dentro da ação, todo o trabalho do grupo universitário é feito de modo voluntário e até os gastos de locomoção para chegar até o presídio é por conta dos mesmos. Eis a essência da Biblioteconomia Social: doação em prol do livro e da leitura. 


 CBBD & PRIMEIRO FÓRUM BRASILEIRO DE BIBLIOTECAS PRISIONAIS

Este ano teremos, de modo inédito no Brasil e na América Latina, o “Primeiro Fórum Brasileiro de Bibliotecas Prisionais”, uma realização da Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários (FEBAB), dentro do “Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação (CBBD). O tema do evento será “Desigualdade e Democracia: qual é o papel das bibliotecas?”. A CBBP abordará, dentro do Fórum, um debate reflexivo, parafraseando o tema do CBBD: “Punir e Reeducar: qual é o papel das Bibliotecas Prisionais?.”




 A CARTA

Recebi de uma interna uma carta que muito deixou-me comovida, não apenas pelo gesto, mas por suas palavras, dentro de um recomeçar querendo fazer a diferença, buscando nos livros as novas oportunidades e fazendo da Biblioteca Prisional o seu laboratório de sonhos para uma vida extramuros do cárcere.


Encerro minha passagem pelo Sergipe com os meus mais sinceros agradecimentos a UFS, não apenas por seu acolhimento e receptividade, mas principalmente pelo zelo com que trata a formação e capacitação de seus alunos, primando acima de tudo pelo “humanismo” e envergadura social na luta por um país mais justo e digno de seus brasileiros. 

22 de dez. de 2018

Cor define honra?

Cor define honra? 

Para os militares, parece que sim. Deste modo, o que era pra ser mais uma ação Cultural, visando uma reflexão entre Guerra & Paz, acabou sendo deturpada pelo comando do exército da cidade de Presidente Prudente, SP.  O idealizador do projeto é Itamar Xavier de Camargo, conforme descrição do próprio em seu Instagram: “Ex-presidiário que se tornou professor, Grafiteiro, palestrante, empreendedor social e criou cerca de 60 bibliotecas itinerantes.” 

 Já publicamos outras matérias sobre ele, aqui mesmo neste espaço. Para quem deseja conferir ou saber mais sobre o Itamar, clique aqui: 




É incrível como a imagem de um tangue de guerra, que serve para matar, não desonra ninguém. Mas se este "simbolo do exército brasileiro" tiver suas cores alteradas, dentro de uma iniciativa que visa justamente contrapor a guerra e paz, aí a paz dá lugar apenas para a guerra, ainda que na forma de criticas e até censura. Será que nossos "feitos militares" estão sob o crivo das cores? O tangue de guerra, que foi metade grafitado, permanecendo o outro lado original, justamente para buscar um contraponto de reflexão, estava tomado pela ferrugem, dentro da praça da cidade. Compreende-se, então, que nossa honra pode cair aos pedaços, enferrujar, mas jamais ser revitalizada sob forma de arte, pois neste caso, fere os "feitos" nacionais. 


Itamar ressalta: 


"Tenho uma grande satisfação em ver a alegria das pessoas ao ver como esta ficando o tanque, tiram fotos e dizem ser a coisa mais linda. O que antes representava guerra, hoje está se tornando um símbolo de paz. Ao redor do tanque teremos em breve um mural representando essa paz. Desejo que essa paz seja com todos, que o príncipe da paz seja com todos."  

Muitas foram as realizações de Itamar! Este ano, por exemplo, lá no início de 2018, em fevereiro, foi pego de surpresa em uma de suas aulas na E.M (Escola Municipal) Dr. João Franco de Godoy, o Navio, quando com a visita do apresentador Luciano Huck e sua equipe do "Caldeirão do Huck" (Rede Globo), que ainda trouxe até ele de presente uma de suas maiores referências na arte de grafitar, o renomado Eduardo Kobra. Logo depois ele reproduziu com seus alunos a maior imagem (24 m por 25 m), feita a partir de lixo eletrônico (disquetes, televisores, computadores, roteadores, carregadores, etc) batendo o recorde brasileiro, entrando para o RankBrasil. 

Esta semana foi certificado como semifinalista com o projeto “Lixo que fala” no 19º Prêmio Arte na Escola Cidadã, pelo Instituto Arte na Escola, motivo de orgulho para o professor, visto que, ele o entende como o maior prêmio nacional de ensino de artes. “Ano que vem tento novamente [risos]”, expõe o educador artista que colore e alegra com seu dom de grafitar os mais variados ambientes, de velhas pilastras, a troncos de árvores, bancos de praças, muros de escolas, paredes de instituições privadas ou particulares dando-lhes nova cara, vida e luz!

Quem passar pela escola Clotilde Veiga de Barros, poderá ver a beleza, a sensibilidade desse professor artista. Ela foi recentemente contemplada com um lindo mural que recebeu o título “Libere a Criança que existe em Você” onde ele retratou desenhos animados das décadas de 70, 80 e 90. Impossível não sentir aquele saudosismo no coração! 

No mês passado mais uma vez criou com seus alunos o maior mosaico com 200 mil tampinhas plásticas (pets) do Brasil, medindo 8 x 20 metros. 



“No parque ecológico Cidade da Criança já temos uma nova atração, um tanque de guerra grafitado por mim. E atrás dele, desenharei um mural com 5 metros de altura e 10 de largura, formando um cenário ao redor do tanque representando a ‘guerra e a paz’. Essa obra cela esse ano tão incrível para o meu trabalho . As tintas foram doadas e a mão de obra é voluntária como 90% do que faço", acentua o artista. 

Quem faz, “acontece” 


Na verdade, os últimos anos têm sido assim para o professor artista. Conforme ele, de total êxito profissional. "Acho que tudo se dá pelo fato de eu viver nessa dinâmica de novidades, sempre pensando em fazer algo novo. Sem contar que trabalho duro, faço o que é necessário para ver as coisas acontecerem. Ponho a mão na massa, literalmente. Outro dia, enchi o carro com lixo eletrônico que encontrei jogado em uma calçada, para usar em minhas obras”, destaca o professor. 

Itamar comenta que se não consegue doações gasta do próprio bolso, para fazer acontecer, pois o mais importante é que ele acredita no que faz. “Como foi dito no programa do Huck, você só poderá fazer o impossível se acreditar que é possível. Lembro que quando tiver a ideia de criar uma biblioteca comunitária ouvi pessoas criticando e dizendo que hoje ninguém mais lê. A biblioteca foi criada e fez o maior sucesso, pela primeira vez na vida vi uma matéria publicada no jornal ‘O Imparcial’, em 2011!”, lembra orgulhoso o professor idealizador do projeto Leitura Campeã, que mantém as dezenas de Geladeirotecas (geladeiras velhas estilizadas, grafitadas por ele mesmo e seus alunos) espalhadas por toda a cidade. 

Desde então ele não parou mais e acredita que com o tempo de uma boa plantação, a colheita de bons frutos é sempre esperada. “O Augusto Cury em seu livro ‘Nunca desista de seus sonhos’, diz que quando seu sonho envolve o bem de outras pessoas ele sempre se realiza. Levei isso a sério e busco sonhar com coisas que atinjam de forma positiva as pessoas ao meu redor!”, exclama Itamar. 

Transformação de vida 

Vale sempre retomar. Quem não conhece, vale a pena buscar o primeiro livro intitulado “A Verdade que Liberta”, onde em 15 capítulos distribuídos em 142 páginas, Itamar relata a extrema exclusão social e o abandono que sofreu em sua vida. Ele chegou ao fundo do poço, foi parar no cárcere, mas, graças a Deus, por meio do cristianismo, da solidariedade e de seu empenho nos estudos mudou a sua vida e vem mudando a de muitos pessoas, crianças, adolescentes, jovens e adultos também, com seus projetos. 

Como já mencionado, Itamar é pedagogo, psicopedagogo, arte-educador, gestor de projetos e mobilizador social pela educação. Criador do projeto Leitura Campeã, desde 2011, incentiva e fomenta a leitura na cidade e região, com inúmeras ações. Os pontos de leitura estão em UBS (Unidades Básicas de Saúde), em ONG’s (organização não governamental) além das Geladeirotecas utilizadas como uma estante/armário para livros; escolas e praças.

“Um Poema Em Cada Esquina”, é mais um de seus projetos. Nele, fixa plaquinhas de madeira, com trechos de poemas de autores de renome e versículos bíblicos, em praças e algumas esquinas da cidade. 

Mas, infelizmente, para o comando do exército de Presidente Prudente, "cor define honra".